terça-feira, 19 de novembro de 2013

Lançamento do Livro "Casa de Espelhos", de André Guerra

Domingo, 17 de novembro de 2013, tive a alegria de participar da Praça da Poesia e Cordel, na Bienal do Livro da Bahia - 2013, coordenada pelo meu amigo e poeta José Inácio Vieira de Melo. Nessa oportunidade, fiz o lançmento de meu primeiro livro: "CASA DE ESPELHOS" vencedor do XIII Prêmio Zélia Saldanha, da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia). O livro conta com as apresentações de José Inácio Vieira de Melo e Luís Antonio Cajazeira Ramos, da Academia de Letras da Bahia (quarta capa), além do prefácio da Professora Doutora Antonia Torreão Herrera. Eis algumas fotos do evento, que também contou com a presença de Jackson Costa, Bule-bule, Antônio Barreto e outras atrações:





domingo, 11 de agosto de 2013

Poema para meu pai ( in memoriam)

Este poema, que esta em meu livro inédito Casa de Espelhos, é uma celebração à memória de meu pai, Adevaldo Ribeiro Filho:


Gênese
                   
                               A meu pai


eu não conheci meu pai
mas é como se o soubesse.

a semente dentro da casca
dentro do fruto dentro de si
sabe da árvore que tomba
e na morte diz à terra
que já voltou

eu não conheci meu pai
mas é como se o sentisse.

a gota d’água que voa
forma nuvens e volta a terra
e forma de novo o rio
de onde um dia saiu
e que secou

eu não conheci meu pai
mas é como se o dissesse.

centelha soprada ao vento
ateia flamas labaredas
em folhas secas e bebe
o ar e cospe o fogo
que se apagou

eu não conheci meu pai
mas é como se ele fosse.

gole de vento tufão
brisa sopro ventania
me conta da calmaria
nas veias de onde eu venho
diz o que tenho
diz onde eu voo

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Aniversário - Álvaro de Campos

    No dia do aniversário de Fernando Pessoa, a homenagem do Guerra e Poesia ao gênio da nossa língua, que completaria 125 anos. 

    No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
    Eu era feliz e ninguém estava morto.
    Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
    E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
    No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
    Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
    De ser inteligente para entre a família,
    E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
    Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
    Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
    Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
    O que fui de coração e parentesco.
    O que fui de serões de meia-província,
    O que fui de amarem-me e eu ser menino,
    O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
    A que distância!...
    (Nem o acho...)
    O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
    O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
    Pondo grelado nas paredes...
    O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
    O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
    É terem morrido todos,
    É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
    No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
    Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
    Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
    Por uma viagem metafísica e carnal,
    Com uma dualidade de eu para mim...
    Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
    Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
    A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,
    com mais copos,
    O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
    As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
    Pára, meu coração!
    Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
    Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
    Hoje já não faço anos.
    Duro.
    Somam-se-me dias.
    Serei velho quando o for.
    Mais nada.
    Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
    O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


    Álvaro de Campos, 15-10-1929

domingo, 9 de junho de 2013

Canção Matinal - Ruy Espinheira Filho

Ruy Espinheira Filho é um dos maiores expoentes da poesia baiana de todos os tempos, e está situado entre os grandes da poesia brasileira. Vamos ler um belíssimo poema de sua autoria:


CANÇÃO MATINAL

a Ricardo Vieira Lima

Ruy Espinheira Filho
Acorda bem cedo o homem
da casa de telha-vã
e abre janela e porta
como se abrisse a manhã.

E eis que a vida não é mais
nem triste, nem só, nem vã.
É doce: cheira a goiaba
e brilha como romã

orvalhada. E ele caminha,
o homem, com passos de lã
para em nada perturbar
a quietude da manhã.

Já não há mágoas de perdas
nem angústias de amanhã,
pois a alma que há na calma
entre a goiaba e a romã

é a própria alma do homem
da casa de telha-vã,
que declara a noite morta
e acende em si a manhã.

Ruy Espinheira Filho



quinta-feira, 30 de maio de 2013

ENTREVISTA: RONALDO CORREIA DE BRITO

Em Janeiro deste ano, tive a honra fazer uma entrevista, (publicada na Revista Verbo 21) com um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea, Ronaldo Correia de Brito. 
Uma grande honra também colaborar com a VERBO 21, uma das grandes referências para quem aprecia a boa literatura. Confira a entrevista na íntegra:


Portador de verdadeira maestria narrativa, o consagrado contista Ronaldo Correia de Brito, vencedor do prêmio São Paulo de Literatura de 2009 com o romance Galileia (Alfaguara), lança seu segundo romance, Estive Lá Fora. Muito distante de ser um regionalista, Ronaldo mescla história, memória pessoal e memória inventada em um romance profundo e critico, ambientado em um Recife decadente na época dos "anos de chumbo". Segundo seu autor, o romance é, ironicamente, "a autobiografia de personagens da década de 60 e 70."




Por André Guerra
Fotos: Jorge Clésio


quinta-feira, 23 de maio de 2013

ESTILHAÇOS

Este poema compõe o meu livro inédito, "Casa de Espelhos", vencedor do Prêmio Zélia Saldanha, realizado pela UESB.

O lançamento acontecerá em breve.


Estilhaços


deste lado do mundo
fenecemos de tão longe.
escorpiões destilam seu veneno

deste lado da rua
apodrecemos no pé
nem nosso gosto sabemos

deste lado de mim
os espelhos estão quebrados
nos estilhaços me vejo
                               pequeno