terça-feira, 22 de novembro de 2011

A história de uma dançarina



:: TANGO
Tango - Ricardo Videla
um resto amargo de sonho no copo
arrasta o que antes de nascer já morria
um rosto revestido de nudez sem rastros
responde calado embriagado em dois dedos
de nada num corpo sedento  descrente
do amargo do copo que é menos que sonho

ácida saliva arrasta queixo abaixo
peito acima artéria adentro dente aflora
esteriliza, infecta, purifica queima
o pensamento que teima em sonho doce
elevar voo e dançar tango entrecoxado
como um garoto que acorda entregue ao gozo
e se amarela ante um ácido sorriso
e a espera perde a dança

sem sal na terra sem doce nas águas
nasce a flor sem que seu nome se dissesse
sem odor sem cor semente ausente a face
de ácida seiva surge entre dentes
de uma dançarina que oferece
seus passos suas peças seus preços
e entre os lençóis sente, sua, sangra, sempre

3 comentários:

  1. Meus Parabéns !
    Que Lindo ! Está muito bom .. Essa última estrofe está perfeitaa.. Sucesso !
    Um Beijo :D

    ResponderExcluir
  2. uauu, fui longe... parabéns andré!!

    ResponderExcluir
  3. Caro poeta André Guerra, aí está a"...luta mais vã da palavra..." a sua doce Guerra.Belo poema! Abreijos, Lita Passos

    ResponderExcluir