Muita gente ignora que, dentro da
famosa Ilha de Itaparica existe também uma cidade (e também uma praia) de
Itaparica, por sinal a porção melhor dessa terra rodeada de água, plantada por
Todos os Santos na Bahia e que atrai gente do Brasil e do mundo. Pois bem, como
de costume, eis-me nessa praia-cidade-ilha no dia trinta e um de dezembro,
empolgado para fazer algumas belas fotos do “último pôr-do-sol” do ano em que todos pensaram que o mundo acabaria.
Movimentei o povo da casa,
alterei a programação das atividades, tentei fazer o tempo demorar mais um
pouco, pois “o Sol não espera”, corri, suei, tudo pronto, todo mundo na orla,
na beira da praia e...tinha esquecido de carregar a bateria da câmera! Nada
além de umas poucas fotos e ainda faltavam uns dez minutos para o maior
espetáculo da Terra (que eu não poderia registrar).
Em meio àquela frustração, quase
não percebi que meu filho Pedro, de um ano e nove meses (que adora o mar)
estava dando o famoso “calundu”, pois queria entrar na água de qualquer jeito. Foi
então que ouvi um sábio conselho. Minha mulher me olhou e disse: “já que você
não vai poder tirar as fotos, por que não entra na água com Pedro?” Foi um
lampejo. Tirei a camisa, peguei meu filho nos braços e entramos nas calmas
águas de Itaparica, junto ao Forte.
Foi um momento sublime em que
pude dar a Pedro a primeira lição sobre o movimento cíclico da vida em que o
Sol, seja a carruagem de Apolo, o olho de Deus em torno do qual a Terra gira,
astro-rei, centro do universo, ou simplesmente o Sol, nos mostra todos os dias
que tudo que começa, termina e recomeça. E o mais bonito é que essa lição foi
um simples: “olha filho, o Sol vai embora, mas amanhã ele volta e nós vamos à
praia de novo. Dá tchau pro Sol,
filho” E ele deu. “solta um beijo pro Sol, meu filho”, e ele soltou. Simples
assim.
Mas acho que a maior lição eu é
que aprendi: que uma pedra no caminho, uma falha, uma adversidade pode ser
vista com outros olhos, pode nos apresentar uma nova possibilidade, uma
alternativa, uma nova chance, um novo começo, uma nova lição. E quantas coisas
deixamos de ver só por que por um momento não conseguimos ver o que queremos?
Bem, não sei por quanto tempo ele
lembrará, ou se lembrará dessa lição,
desse banho de mar, desse pôr-do-sol, desse ano novo. Sei que naquele momento,
abraçado a meu filho, vendo o Sol se por pela última vez no ano, percebi que
foto nenhuma se compara a estar ali. E que qualquer registro seria
insuficiente. Aquele instante está gravado para sempre em minha memória.
Itaparica, Bahia, primeiro de Janeiro de dois mil e treze.
Rapaz, sensacional! Adorei a crônica, muito boa mesmo. E é isso aí, essa é a chave da felicidade. Pessoas felizes não aquelas que têm as melhores experiências, mas aquelas que aproveitam o máximo de cada experiência que vivem. Se a vida te dá limões, faça uma limonada!
ResponderExcluirQue bom que essa oportunidade simples e única não foi desperdiçada...
ResponderExcluirQue belo, companheiro!
ResponderExcluirUm abraço!
Joaquim Carvalho
Muitas vezes um momento simples vai carregar nossa memória por muito tempo. Como um conselho desleixado de um colega não tão próximo, que ele esquece logo depois de dizer. Pode ser que sua mulher nem tenha se dado conta da importância que aquela frase teve pra você. Isso me fascina: momentos curtos que, aparentemente sem grande importância, lembramos para sempre.
ResponderExcluirUm abraço