quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Gênese


A Adevaldo Ribeiro Filho, meu pai

eu não conheci meu pai
mas é como se o soubesse.

a semente dentro da casca
dentro do fruto dentro de si
sabe da árvore que tomba
e na morte diz à terra
que já voltou

eu não conheci meu pai
mas é como se o sentisse.

a gota d’água que voa
forma nuvens e volta a terra
e forma de novo o rio
de onde um dia saiu
e que secou

eu não conheci meu pai
mas é como se o dissesse.

centelha soprada ao vento
ateia flamas labaredas
em folhas secas e bebe
o ar e cospe o fogo
que se apagou

eu não conheci meu pai
mas é como se ele fosse.

gole de vento tufão
brisa sopro ventania
me conta da calmaria
nas veias de onde eu venho
diz o que tenho
diz onde eu voo

5 comentários:

  1. Que linda essa poesia!!!
    A vida é perfeita mesmo. Após vc ser pai, vc pôde fazer uma poema falando sobre sua origem:sabendo, sentindo, dizendo, sendo.
    Que Pedro lhe dê coragem e sabedoria para cada vez mais perceber a beleza da vida. E a roda da vida segue girando...

    Te amo, Katri

    ResponderExcluir
  2. Uma saudade sob o cimento "apilado" pelo tempo.


    abraço

    ResponderExcluir
  3. andré, seu poema é ótimo, tambem escrevo. boa sorte

    ResponderExcluir