sábado, 30 de julho de 2011

Soneto para Hades

Ontem lambi os frios beiços da morte
cheio de mim num instante vazio,
lívido qual planta nova no estio,
sangue no olho qual gado de corte

Hoje, na boca os mamilos da sorte,
lavo meus olhos num leito de rio
seguindo curso sereno e sombrio.
Sobre meu ombro a olhar quem se importe.

Certo de que nada certo se espera,
piso no frio tribunal do amanhã
seja na doce e gentil primavera,

seja o verão, nobre festa pagã.
Seja o outono uma eterna quimera
Seja o inverno um sabor de romã




2 comentários:

  1. Não adianta correr, se matar, se gritar... a vida vem com sua tranquilidade e cruelmente passa, lambendo o que há no caminho...
    gostei do texto...

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  2. "Certo de que nada certo se espera,
    piso no frio tribunal do amanhã"

    bom, bom, muito bom!

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