quinta-feira, 14 de julho de 2011

Poética de André Guerra - Por Eliana Mara Chiossi


Uma análise feita pela Professora Doutora Eliana Mara Chiossi sobre minha produção poética:

Do barro ao asfalto. Neste arco, o poeta André Guerra faz seu manifesto contra o tecnoconfortopseudoposmoderno. Mapa do trânsito de sua sensibilidade pendular declara que: “há marcas de pneus no barro/da face de um Adão sertanejo.” Seu lugar de observação é na sala do apartamento revivendo a memória da terra. Um Adão sertanejo, reencarnado no homem contemporâneo, sempre a desejar um retorno, reencontro com os ancestrais, no coração da floresta, sob o calor da fogueira coletiva: “me descubro raiz/me alimento da flor carregada/em ponto de mutação/no canto do sabiá/na muda de planta verde/tão verdes raízes/geram frutos no tempo/no tempo que não sei/no tempo que sou tronco.” E este bardo da saudade, coloca luzes sobre a cidade e seus becos, a cidade e suas contradições, onde o homem multiplica suas sombras. Ao dizer que é um bicho da cidade, afirma a contradição como estrutura:“vejo olhos em cinema mudo/frase em preto e branco/pontas de sentimento/esmagadas em cinzeiros”  e nos mostra que, afinal, carrega dentro de si, o vício de ser urbano e a quimera de retornar ao interior. Um lugar utópico, um quadro na parede na sala, que dói, diariamente. André escreve para se conhecer e conhecer melhor os outros. Tem a Guerra no nome, mas usa a palavra para buscar a paz. 



ELIANA MARA CHIOSSI possui graduação em Letras: Licenciatura em Português e Inglês pela Universidade Federal de Sergipe (1993), mestrado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996) e doutorado em Letras pela Universidade Federal da Bahia (2002). 

2 comentários:

  1. André,

    vi aqui pela primeira vez, apesar de sempre receber "recortes" pelo Facebook (de onde estou tentando tirar umas férias).
    Este texto, feito pra você, e você bem sabe, registra o amor por estes versos e pela antologia belíssima (e forte) da qual você faz parte.
    Vida longa para seus versos e sua poesia,
    vida longa para o sangue novo da coragem.

    Beijos, e meu carinho,
    e gratidão por esta delicadeza,

    Eliana Mara Chiossi

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  2. Beijo grande, Eliana. De vez em quando visite esse blog e comente alguma coisa. Seu olhar é sempre bem vindo.

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