Este poema, que esta em meu livro inédito Casa de Espelhos, é uma celebração à memória de meu pai, Adevaldo Ribeiro Filho:
Gênese
A meu pai
eu não conheci meu pai
mas é como se o soubesse.
a semente dentro da casca
dentro do fruto dentro de si
sabe da árvore que tomba
e na morte diz à terra
que já voltou
eu não conheci meu pai
mas é como se o sentisse.
a gota d’água que voa
forma nuvens e volta a terra
e forma de novo o rio
de onde um dia saiu
e que secou
eu não conheci meu pai
mas é como se o dissesse.
centelha soprada ao vento
ateia flamas labaredas
em folhas secas e bebe
o ar e cospe o fogo
que se apagou
eu não conheci meu pai
mas é como se ele fosse.
gole de vento tufão
brisa sopro ventania
me conta da calmaria
nas veias de onde eu venho
diz o que tenho
diz onde eu voo
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